terça-feira, 25 de abril de 2006

O Lápis Azul, 30 anos depois...




.....A 22 de Junho de 1926, a Ditadura Militar de Gomes da Costa (vencedor do golpe de 28 de Maio) institui a censura prévia à imprensa. Com a Constituição de 1933, o Estado Novo faz da censura o instrumento que Salazar vai aprimorando como esteio do regime ditatorial.
.....Em Maio de 1927, a Censura começou a ser aplicada ao Cinema e, a pouco e pouco, foi-se estendendo a todos os espectáculos, em qualquer ponto do país. Milhares de filmes foram censurados, centenas de peças de teatro e canções sofreram a marca dos censores.
Fernando Lopes Graça, Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Padre Fanhais, Barata Moura, Manuel Freire, foram alguns dos mais atingidos.

.....O controlo sobre os livros que o país escrevia, ou simplesmente lia, era feito com a intervenção articulada das várias polícias: PSP, GNR, Alfândega, PIDE/DGS. Os CTT também estavam articulados com as polícias apreendendo livros, violando a correspondência. Autos de busca e apreensão exemplificam o processo da apreensão e destruição de milhares de livros.
.....A informação política e sindical foi seguramente a mais censurada pelo regime ditatorial. Só por distracção poderia passar qualquer notícia sobre lutas de trabalhadores, ou simples convocatórias sindicais. As campanhas eleitorais de Norton de Matos e Humberto Delgado e congressos democráticos de Aveiro foram os acontecimentos políticos mais censurados. Palavras como suicídio, violação, racismo, greve, aborto, homossexual, fome, feminismo, entre outras, atormentavam a Comissão de Censura.
.....Em Novembro de 1926, começou a surgir a imprensa clandestina. Dezenas de jornais foram aparecendo, para preencher o vazio provocado pelo controlo da informação pela Censura. Alguns dos títulos mais significativos: Avante, A Terra, A Voz do Povo, Libertação Nacional, Portugal Socialista, Luta Popular, O Grito do Povo.
.....Aspirações autárquicas, toneladas de batatas a apodrecer, questões da juventude, ou breves notícias sobre hippies, tudo podia ser alvo da tesoura censória.
Por vezes, os censores não só cortavam como “corrigiam” textos: “metralhadora” para “brinquedo”; “mais comissões administrativas”, por “comissões administrativas” e “colectivização” para “associação”.
.....Com o “25 de Abril”, pôs-se fim ao regime oficial de censura instituído em 1926. No dia 25 de Abril de 1974, pelo menos até à tarde, os “coronéis da censura” ainda trabalharam, matando ou dilacerando as notícias sobre o Movimento dos Capitães.

8 comentários:

Cingab disse...

Ora aí está uma boa questão!...
Os novos lápis azuis!...

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