terça-feira, 18 de abril de 2006

o CARNAVAL...

......Com exactidão nada se sabe acerca da origem do carnaval de Canas de Senhorim. Para a maioria, teria nascido há cerca de três centenas de anos, resultante da extraordinária rivalidade, que teima em perpetuar, entre os dois bairros mais representativos da vila; o PAÇO e o ROSSIO.







......Estes dois bairros, que vivem de mãos dadas durante um ano inteiro, inventaram um interregno de três dias -dias de Carnaval- para mutuamente «arreganharem os dentes»!...







......Logo que o calendário anuncia o Domingo Gordo e a 3ª-feira de Entrudo as duas marchas saiem à rua incorporando centenas de foliões, desses milhares que anualmente nos visitam, ávidos de participar em tão original folguedo.







......Nestes dias inesquecíveis, as marchas do PAÇO e do ROSSIO transformam as ruas da Vila dando-lhes um vibração, um colorido e uma alegria verdadeiramente singulares. Sob o entusiasmo da multidão compacta cada bairro tenta superiorizar-se ao seu rival, em imaginação, alegria, ineditismo, musica, etc. As piadas e os carros alegóricos são sempre ricos de originalidade; todo o trabalho para a ornamentação das marchas, realizaçãoo dos carros, etc., é feito secreta e separadamente e a ele se entregam denodamente os mais novos e os mais velhos numa azáfama comum de desmedido entusiasmo. Canas vive particularmente o seu Carnaval!







......A cerca de um mês do anunciado acontecimento (porque o é) é frequente ouvir-se, noite dentro, o ribonbar de um pisão, o toar de uma panela ou o ressoar de uma bombinha e os grupos mascarados, parte integrante da tradição, são incontáveis.







......Ao caír da tarde de Terça-feira de Entrudo, depois de calcorrearem as principais ruas da Vila exibindo o seu Carnaval, as duas marchas rivais encontram-se frente a frente no Largo do Rossio. Este momento que, há muito nas redondezas, é conhecido pelo «Adeus», é o prato forte do Carnaval. O que se passa é indescritível; extraordinários momentos de euforia o PAÇO e o ROSSIO desdobram-se em entusiasmo e em vibração; uma marcha tenta sobrepor-se à outra. É o delirio!... Velhos, apazes, mulheres e raparigas jogam a sua última cartad; é uma alegria incontida e contagiante. Os milhares de forasteiros que assitem a este final invulgar sentem-se como que impelidos por uma mola mágica que os transporta instintivamente à «quilha de um navio», ou ao «dorso de um camelo»! Ao ritmo infernal das bandas de música -em verdadeiro despique- todo o mundo canta, salta, gesticula e grita: PAÇO! PAÇO! PAÇO!... ROSSIO! ROSSIO! ROSSIO! No ar ecoam estalinhos; esvoaçam papelinhos, balões e serpentinas; desfraldam-se bandeiras...







......Este é o Carnaval de Canas de Senhorim, extraordinário espectáculo do Povo e para o Povo. Que pena nos dá que o Turismo concelhio, ao longo de tantos anos, nada tenha feito para mostrar a portugueses e estrangeiros o nosso CARNAVAL.







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