sábado, 23 de maio de 2009

Distrito com mais 5.500 desempregados em 2009

Os dados relativos ao número de desempregados no distrito de Viseu permitem concluir que houve um aumento de 5. 600 desempregados no primeiro trimestre de 2009. Mangualde é o concelho onde, proporcionalmente, se regista o maior aumento, de acordo com a comparação entre o último trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009. Numa análise geral do quadro dos concelhos, regista-se que em todos os 24 aumentou o número de desempregados.
De acordo com um trabalho desenvolvido pelo Jornal do Centro – com base apenas nos dados disponíveis no Instituto de Emprego e Formação Profissional, uma vez que os dados estatísticos do Instituto Nacional de Estatística apenas disponibilizam números referentes à região Centro, justificando que as ‘estatísticas do emprego’, não vão ao nível de distrito, só se encontram até a desagregação de NUTS II" – comparando os últimos três meses de 2008, com os primeiros três de 2009, o concelho de Viseu regista mais 1296 desempregados. No entanto, sendo capital de distrito, de dimensão superior relativamente aos restantes aglomerados, leva à conclusão que Mangualde, com um aumento de 623 desempregados é onde está a maior mancha. Na posição seguinte surge o concelho de S. Pedro do Sul, com mais 479 desempregados, Nelas com mais 460 e Cinfães com mais 396 residentes no desemprego. Por outro lado, Vila Nova de Paiva e Lamego, são os concelhos com menor aumento, seguidos de Armamar e Penedono.
Face a este cenário não é difícil encontrar explicações para tal realidade. A dispensa de mais de 400 trabalhadores da Peugeot/Citroën, em Mangualde desde o início do ano, é a principal razão, sobretudo, para o aumento de desempregados em Mangualde e Nelas, uma vez que a fábrica, sendo a maior empregadora do distrito de Viseu, absorve trabalhadores de vários concelhos vizinhos, nomeadamente, Nelas, Penalva do Castelo e Viseu. Já em Cinfães, o número elevado de desempregados explica-se com a quebra da construção em Espanha, para onde emigravam famílias inteiros para trabalharem na construção civil e agora vêm-se obrigadas a regressar por não terem já trabalho no país vizinho a viver a crise internacional.
Este cenário vai ao encontro do panorama nacional. A taxa de desemprego atingiu os 8,9 por cento no primeiro trimestre de 2009, o que representa um agravamento face aos 7,6 por cento do período homólogo de 2008. Ainda assim, os valores mais baixos encontram-se na zona Centro (6,7, contra os 5,7 de 2008), que absorve 14 dos 24 concelhos do distrito de Viseu (os restantes 10 fazem parte da região Norte).
Analisando o distrito, concelho a concelho, encontra-se uma distância normal que vai entre Viseu e os restantes, mas regista-se a surpresa ao ver Cinfães (1295 desempregados em Março) logo depois de Lamego (1479 desempregados em Março) e acima de Mangualde (1151 desempregados em Março). Penedono é o concelho com menos desempregados (93 em Março), seguindo-se Sernancelhe (206 desempregados em Março) e Mortágua (244 desempregados em Março).
Emprego no comércio volta a crescer> A população empregada no sector do comércio em Portugal voltou a crescer no primeiro trimestre de 2009, de acordo com os dados do inquérito ao emprego, do Instituto Nacional de Estatística (INE). O sector, em contra-ciclo com os números referentes ao emprego, registou um aumento de 1,2 por cento, que corresponde a um ganho líquido de nove mil postos de trabalho, adianta o INE.
A população empregada no sector do comércio em Portugal situa-se agora nos 791.6 indivíduos.
O secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, sublinha em comunicado que "os dados vêem confirmar que o sector do comércio tem conseguido encontrar soluções que permitam criar desde 2005, mais de 18,7 mil postos de trabalho".
Esta visão optimista do Governo contrasta com a opinião dos agentes do sector no distrito de Viseu. Ao pessimismo dos comerciantes, que assistem a fortes quebras nas vendas obrigando-se "a despedir funcionários para não fechar a porta para todos", junta-se a voz do presidente da Associação Comercial do Distrito de Viseu, Gualter Mirandez. O dirigente admitia no início de 2009, que "20 a 30 por cento" do comércio tradicional deve fechar as portas este ano, com consequências "desastrosas".
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IN "Jornal do Centro, 22 de Maio de 2009"

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O grupo Dão Sul - Global Wines lançou alguns dos seus principais vinhos brancos de 2008, num jantar para especialistas.

....Na apresentação dos novos vinhos brancos, a Dão Sul – Global Wines realizou um jantar vínico, para o qual foram convidados alguns dos melhores “chef’s” de cozinha portugueses – Vítor Sobral, José Júlio Vintém, Bertílio Gomes e Diogo Rocha (este último natural da vila de Canas de Senhorim e que trabalha actualmente no grupo Global Wines).
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....Durante o jantar vínico em que a Dão-Sul - Global Wines apresentou novos vinhos, os Chef's Vítor Sobral, José Júlio Vintém, Bertílio Gomes e Diogo Rocha fizeram desfilar iguarias com base em peixes e outras jóias dos mares. A apresentação previa vinhos brancos apenas e a noite correu, lenta e elegante, ao som de violoncelo e violino na degustação de pratos de requinte absoluto.
....Só de exemplo, refiram-se as excelentes entradas de Petinga Albardada (José Júlio Vintém), Mimo de Ostras (Bertílio Gomes), Alhada de Camarão (Víctor Sobral) e Polvo de Meio Fumo (Diogo Rocha).
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In "Diário as Beiras, 08-05-2009"

"Educação influencia comportamento homossexual"

Perplexidade Bispo que defendeu o preservativo e a separação de casais em caso de violência chocado com reacções fundamentalistas
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Ilídio Leandro, bispo de Viseu, não retira uma vírgula ao que tem dito e escrito sobre temas polémicos no seio da Igreja Católica.
Lamenta que algumas das suas posições tenham sido reveladas fora do contexto, mas mantém a defesa do uso do preservativo para evitar doenças e da separação de casais em casos de violência doméstica.
Apoia o fim do celibato dos padres e condena o enriquecimento ilícito. Em entrevista ao "Jornal de Notícias" realça a solidariedade de outros bispos, diz não estar a ser perseguido por delito de opinião, mas revela perplexidade pelo "fundamentalismo" expresso por leigos de vários cantos do Mundo.

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Não esperava reacções tão negativas dos leigos às suas posições?
Não desta forma. Sei que há clivagens, muitas vezes por ignorância ou desconhecimento, mas não contava receber tantas mensagens e e-mails de leigos a condenar o que disse ou escrevi. Pessoas que não conheço, inclusive de outras nacionalidades, reveladoras de um fundamentalismo tremendo que eu não pensava existir. Reacções muito violentas que me deixaram chocado. Interrogo-me se não devemos ser todos mais tolerantes.
A Santa Sé pediu-lhe explicações sobre a defesa do preservativo?
Não. Nem estava à espera que isso acontecesse. Na igreja há pluralismo e respeito absoluto pela pessoa humana, pela sua dignidade, pelas suas diferenças e valores.
E os bispos portugueses?
Estive em Fátima quatro dias, num encontro episcopal, e fui tratado com muita amizade e compreensão pelos colegas. Como de resto aconteceu com a comunidade, padres e leigos, da minha diocese. Quem leu o artigo sobre o uso do preservativo reconhece o contexto em que o escrevi.
Que contexto foi esse?
Escrevi o artigo a admitir o uso do preservativo, na linha da doutrina da igreja, para fazer vir ao de cima temas que Bento XVI desenvolveu na visita que fez a África e que os jornalistas ignoraram. A única coisa que causou alarido foi o Papa ter condenado a utilização do preservativo, considerando que a sua distribuição não resolvia o problema da Sida.
A culpa é dos jornalistas?
Na verdade fizeram comigo o que fizeram com o Santo Padre: descontextualizaram a palavra preservativo. Foi um mau serviço, mas não creio que o tenham feito por má fé. O desconhecimento da realidade, leva a que surjam nos jornais, como escândalo ou novidade, coisas que fazem parte da doutrina da Igreja. A culpa se calhar também é nossa por ausência ou deficiente comunicação.
Mas defendeu o preservativo enquanto o Papa o condenava...
Defendi que uma pessoa infectada por doença, que não abdique de ter relações sexuais, mesmo sabendo que há o risco de contaminar ou até provocar a morte do parceiro, é moralmente obrigada a prevenir-se. Isso faz parte da doutrina social da Igreja. O Papa Bento XVI, responsável pela Igreja Universal, tem de apontar o ideal. Não podem esperar que ele diga outra coisa.
Controlar a natalidade com métodos naturais faz sentido hoje?
A Igreja aceita e propõe métodos naturais para uma paternidade e maternidade responsável. Deixa de fora os recursos artificiais. Mas há excepções. Em períodos transitórios, os casais podem usar métodos artificiais de controlo da natalidade, desde que nunca sejam abortivos e tenham sido determinados pelos médicos.
Diz defender uma Igreja para as pessoas do século XXI...
Na Idade Média a Igreja esteve atenta às pessoas da época. O século em que vivemos tem de fazer o mesmo. É preciso ter respostas para as novas realidades.
Não há aqui uma contradição?
Creio que não. Embora a Igreja aconselhe e busque o ideal, nunca vai abandonar quem falha, quem usa a pílula, quem faz o aborto. Estará sempre ao lado das pessoas feridas, caídas e que pela sua fragilidade ou até pela sua falta de formação, não aceitam e acompanham a vida da igreja.
Há dias defendeu o fim do celibato dos padres. Mais uma polémica?
Não é meu propósito. Neste caso, e sempre que me pedem opinião, recorro à doutrina da Igreja. O celibato dos padres, fundado no século XI, já vinha de um hábito e de uma tendência muito anterior, fruto de uma opção radical por Jesus Cristo e por uma consagração efectiva a Deus. Fruto dessa realidade, a Igreja latina, ao contrário das oriental e ortodoxa, mantém essa prática. Essa lei que no século XI se estabeleceu poderá a seu tempo, com uma reflexão profunda e madura, ser alterada.
O tema está em cima da mesa?
Neste momento, não. Mas a seu tempo pode haver alterações.
Poderia ser uma solução para atacar a crise de vocações?
Tenho dúvidas. As igrejas ortodoxa e do oriente, que aceitam homens casados ou que venham a fazê-lo, têm testemunhado que isso não ajudou a resolver o problema das vocações. Ser sacerdote, muito mais do que ser casado ou não, é assumir um estilo de vida ligado a valores intrínsecos e a uma entrega total aos outros.
Há quem defenda a ordenação de mulheres...
Ao contrário do que acontece com os homens, a ordenação de mulheres não tem tradição na Igreja primitiva nem no tempo de Jesus. Fazê-lo implicava uma alteração profunda no seio da Igreja. Esta realidade não significa, no entanto, um menor reconhecimento pela dignidade e igualdade da mulher.
Apoia a separação do casal num cenário de violência doméstica?
Apoio. Mas isso é doutrina. Não é novo. A igreja tem três propostas para os casos em que se verifique violência doméstica: acreditar até ao fim que é possível a reconciliação; aceitar a separação de pessoas e bens temporária ou definitivamente, quando não for possível o reencontro; e, quando por qualquer razão essencial o casamento falhou, aconselha o recurso à nulidade do matrimónio.
A verdade é que já anulou meia dúzia de casamentos...
Sou bispo há dois anos e meio e já assinei meia dúzia de casos. Isto não é apoiar o divórcio, mas aceitar a decisão de anulação determinada pelo Tribunal Eclesiástico. Nesse caso, o homem e a mulher ficam novamente solteiros e podem voltar a casar e a refazer as suas vidas.
Tem levantado a voz contra o enriquecimento ilícito e a injustiça...
É injusta a grande diferença entre ricos e pobres em Portugal. É injusto e imoral que se criem empregos para pessoas que usaram, muitas vezes mal, o seu lugar de gestor público. Muitas vezes para seu benefício e prejudicando o bem comum. E que depois são premiadas com novos empregos e nomeações fictícias para continuarem a ter benesses chorudas, com prendas e luvas acrescidas.
O que deve ser feito?
Denunciar. Denunciar, proclamar valores e dar o exemplo.
Vêm aí três actos eleitorais. Qual deve ser o papel da Igreja?
Alertar para o direito e o dever de votar. É a primeira coisa. Depois, porque o acto de votar pressupõe a formação de uma consciência, cabe a cada um avaliar as propostas dos diferentes partidos. A estes, apelamos a que não deixem escondidas na gaveta propostas que mais tarde, sem aviso, aplicarão com o poder que lhes foi dado pelo povo. Quer revolucionar a Igreja?
Não sou revolucionário. Nem quero. Sinto apenas que a Igreja deve ser prospectiva, estar atenta ao Espírito Santo, combater a neutralidade, aprofundar as propostas de renovação do Concílio Vaticano II e não andar atrás dos outros a apagar fogos.
O protagonismo ajuda a mudança?
O protagonismo é indesejável e desvia da unidade e comunhão. Temos de respeitar a individualidade intrínseca a cada ser humano e fazer tudo para que haja pessoas felizes no século XXI.
O que pensa a Igreja da qual é pastor sobre homossexualidade?
A homossexualidade é uma vivência sexual que não é aquela que a Igreja Católica defende e procura promover entre as pessoas. O que a Igreja reconhece, apoia e estimula é a relação normal para o casal e para a família: a relação entre o homem e a mulher.
É dos que partilha a ideia de que a homossexualidade é um desvio?
Não tenho competência técnica e científica para fazer uma afirmação peremptória sobre essa matéria. Mas existem vários estudos publicados, na sua maioria da autoria de psicólogos e psiquiatras, que têm dedicado boa parte da sua vida a aprofundar estas questões, a sustentar que a educação na infância influencia o comportamento homossexual.
O ambiente familiar é então determinante na orientação sexual...
Segundo alguns especialistas e estudiosos, sim. A educação na infância, o modo de vida das famílias e todo o contexto em que as crianças começam por desenvolver a sua personalidade, ditam o seu comportamento futuro. A vários níveis, inclusive sexual.
Onde fica o factor hereditário da homossexualidade?
A maioria dos psicólogos identifica sobretudo o contexto familiar e a sua influência na orientação sexual dos mais novos. São poucos os que ligam o comportamento homossexual à hereditariedade. Mas não sou redutor nem fundamentalista. Sei que também há muitos casos de médicos que justificam a homossexualidade masculina e feminina com factores de natureza hereditária. Temos de respeitar as duas teses.
Em qualquer dos casos, qual é a postura do bispo de Viseu?
A Igreja, e eu não sou excepção, faz apelo à educação nas famílias orientada para a promoção de valores que salvaguardem o bom ambiente familiar. Uma relação positiva entre o homem e a mulher, um amor profundamente vivido em todo o ambiente que rodeia pais e filhos, seguramente que será um bom exemplo e terá bons resultados na formação integral das crianças e adolescentes a todos os níveis.
Seja qual for a natureza, a homossexualidade é uma realidade...
A exemplo do que já afirmei a propósito de problemáticas que têm a ver com a vida das pessoas, a Igreja defende o ideal. Mas não vira as costas a quem não o segue. Pelo contrário. Em última instância, a Igreja quer que os homens e as mulheres, independentemente das suas opções e comportamentos, sejam pessoas felizes. Todos temos direito à felicidade.

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In "Jornal de Npticias, 08 Maio 2009"

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Agricultor morre atropelado na EN231

Um homem, de 80 anos, morreu, durante a manhã de ontem, depois de ter sido atropelado por uma viatura ligeira quando atravessava a EN 231, junto da localidade de Vilar Seco, no Concelho de Nelas. Segundo informações dos bombeiros, o octogenário estava a sair da sua propriedade agrícola em cima de uma mota e já tinha andado alguns metros em direcção ao outro lado da estrada sem reparar que se estava a aproximar um automóvel, tendo sido colhido por este. O homem ainda foi reanimado no local, mas viria a falecer no Hospital de Viseu, para onde tinha sido transportado pelos Bombeiros de Nelas.Além dos elementos da corporação nelense, estiveram no local militares do posto local da Guarda Nacional Republicana e uma equipa de investigação de acidentes da mesma força de segurança.
Obras na EN231
De acordo com as autoridades, é mais habitual haver acidentes na EN231, quando chove, no entanto, os excessos de velocidade e as ultrapassagens perigosas também já têm provocado diversos sinistros graves. A via está, actualmente, a ser requalificada para melhorar as condições de segurança, através da eliminação de alguns pontos negros e curvas sem qualquer visibilidade.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

“Nós consideramos [o lay-off] uma machadada quase final”

Tem 33 anos, é natural de Santar, concelho de Nelas e é de Santar que se desloca, diariamente, há 13 anos para trabalhar na Peugeot Citröen de Mangualde, onde exerce a profissão de pintor de automóveis. Foi eleito em Fevereiro coordenador da nova Comissão de Trabalhadores da Peugeot-Citroen de Mangualde. Uma eleição que decorreu num período conturbado da maior empregadora do distrito de Viseu, a laborar há 46 anos no concelho, onde já foram mandados embora cerca de 600 trabalhadores. Três meses depois, acompanhado por uma equipa de sete pessoas, admite que mudou o estado de espírito dos colaboradores da empresa, acusados durante anos de serem pouco unidos e hoje reconhece maior “união” depois do seu apelo para se “pensar no colectivo”. Foi talvez a primeira conquista, mas teme pelo futuro da Citroën. Não poupa administração, deputados e governo e só vê uma saída para a recuperação da empresa: “Entendemos que o governo devia olhar para esta empresa como uma situação extrema”. Aceitou conversar com a Rádio Noar e com o Jornal do Centro em vésperas do 1º de Maio, admitindo que as comemorações do Dia do Trabalhador serão, este ano, muito diferentes.
O que é que um representante dos trabalhadores da Peugeot Citroën diz a centenas de operários num primeiro de Maio como este?
Aquilo que temos que deixar aos trabalhadores é palavras como resistência, confiança, mas dizer-lhes para pensarem naquilo que são, que serão e que eram os seus objectivos enquanto trabalhadores e aquilo que deve ser o respeito pela sua posição enquanto operários desta empresa, que durante anos cumprem na íntegra a sua função.
A ideia que fica dos colaboradores da Citroën é que não eram muito unidos. Isso está a mudar?
Está a mudar. O reflexo disso foi o grande momento que tivemos no sábado (18 de Abril) num plenário, no Auditório da Câmara Municipal de Mangualde, em que houve uma grande afluência, onde se percebeu que de facto há problemas muito complicados no seio de muitas famílias.
Estamos a falar de quê?
Estamos a falar de muitos problemas sociais que, num futuro próximo, caso a insistência da empresa em avançar para o sistema de lay-off tão penalizador, venha a ser concretizado. Irá aumentar o problema em grande escala e criar situações muito complicadas em famílias que ali trabalham.
Qual foi o objectivo do último plenário?
O plenário serviu para analisarmos a situação da empresa e para analisarmos e projectarmos as pretensões dos trabalhadores no imediato sobre a questão desta medida tão gravosa como o lay-off e outras questões. Foi o culminar do que temos vindo a pedir para que exista mais união entre os trabalhadores. Daí o nosso apelo de que é necessário pensar no colectivo. Senti bastante apoio e incentivo para, em conjunto com outros colegas que durante algum tempo foram trabalhando à margem desta situação, avançarmos com uma candidatura [para eleger a Comissão de Trabalhadores]. Depois de tantas previsões de que pudessem surgir diversas listas, diversas pessoas com ideias e que gostaríamos que tivessem assumido naquele momento uma candidatura, porque foram pessoas que tiveram responsabilidades em algumas matérias e não se comportaram como fiéis representantes dos trabalhadores. Responderam por eles e não transmitiam o que eles entendiam.
Usaram os trabalhadores para defender os interesses individuais?
Eram comentários que facilmente se ouviam na empresa. Nós sentimos que os trabalhadores queriam uma comissão que estivesse ali única e exclusivamente para os representar.
Hoje a comissão é respeitada dentro da empresa?
Os sinais que vêm são positivos.
A administração da Citroën de Mangualde respeita a Comissão de Trabalhadores?
Eu penso que sim. Até ao momento, temos mantido uma relação cordial na base do respeito, de ouvir as nossas posições. Temos, em muitas situações, pontos divergentes e defendem algumas questões que não serão muito positivas para a empresa, mas existe respeito e isso é importante.
Como é o ambiente dentro da Citroën?
Em tenho 13 anos de empresa e nunca senti um ambiente tão pesado, de tanta preocupação como o que se vive no momento. O nosso trabalho e o nosso empenhamento têm sido exclusivamente de esclarecer as pessoas, porque não havendo conhecimento das coisas pode proporcionar-se um ambiente muito mais negativo. Deve-se falar verdade, é muito melhor receberem uma notícia má na hora pelas pessoas que estão a abordá-lo do que depois saberem que essa situação foi escondida. Queremos falar verdade aos trabalhadores.
O lay-off é o pior momento destes últimos tempos?
É mais um momento mau, muito mau. Nós consideramos uma machadada quase final porque afecta em grande escala a sustentabilidade do trabalhador e da sua família e é grave, quando existiam outras possibilidades de se controlar o problema.
Como por exemplo?
O plano de apoio ao sector automóvel.
Não vos passava pela cabeça que a empresa iria começar a não renovar contratos?
Qualquer trabalhador que vê a abertura dos telejornais com aquele notícia [em Dezembro] e onde vê o director geral da empresa Peugeot Citroën fica ansioso mas, ao mesmo tempo, sente-se numa situação um pouco mais confortável, sentindo que havia um projecto para segurar algum tipo de situação.
A empresa ainda tem possibilidade de vir a aderir ao plano de apoio ao sector?
Aquilo que o Ministério [do Trabalho] nos transmite e o que a empresa transmite, há algum tipo de divergência. Inicialmente o que nos era transmitido pela administração era que estavam disponíveis para avançar para um plano, mas que o ministério rejeitou. Aquilo que foi dito pelo senhor ministro do Trabalho foi que a Citroën nunca tinha apresentado nenhuma candidatura, daí termos solicitado o agendamento de uma reunião ao senhor ministro e à empresa, para perceber quem tinha razão.
E?
Foi-nos transmitido pelo Ministério do Trabalho que a empresa não efectuou nenhuma candidatura e usaram o termo que não podem obrigar a empresa a candidatar-se a este plano. A empresa enveredou por outro caminho que, na nossa opinião, é prejudicial única a exclusivamente para os trabalhadores, que resolve a questão da empresa e que a segurança social nem sequer vai ser envolvida porque os dias de paragens estipulados levam a que não haja essa necessidade (lay-off).
O que respondeu a empresa?
Confirmou que nunca avançou com uma candidatura porque a empresa não garantia os requisitos e nós deduzimos que fosse a situação de ter avançado para uma redução do quadro de pessoal.
O vosso parecer negativo ao lay-off assenta em quê?
O lay-off é uma medida que devia ser usada em situação extremas e hoje em dia é usado de forma banal. O trabalhador só tem a garantia de dois terços do salário e, segundo a garantia de parar em Maio cinco dias, quem paga é o trabalhador. Um trabalhador com 600 euros de salário, nos cinco dias que não esta a trabalhar é-lhe descontado cerca de 140 euros. No final do mês a renovação é de 460 euros que depois irá efectuar descontos sobre este valor. Estes 460 euros estão acima do salário mínimo, logo vai ser ele a assumir esta responsabilidade, o Estado só intervinha se o trabalhador ficasse abaixo dos dois terços do salário mínimo obrigatório. O trabalhador, se parar cinco dias por mês, durante estes seis meses, que tenha uma redução salarial de 200 euros, vai ter 1200 euros de penalização.
"Somos mais uns a ir apelar ao Ministério"
O apoio das entidades fez-se sentir?
Sentimos que não houve apoio, solidariedade e reconhecimento a estes trabalhadores. Ainda este fim-de-semana me cruzei com um trabalhador que saiu há algum tempo e ele disse-me: "ando aqui perdido, sou um profissional [porque é especializado] mas não tenho emprego, continuo a ser um refém destas políticas".
Como foram recebidos no Ministério do Trabalho?
Fomos muito bem recebidos, mas sentimos que somos mais uns a ir apelar ao ministério.
A garantia que chega através dos deputados e dos autarcas, de que a empresa não vai fechar, chega para a Comissão de Trabalhadores?
Não. A expectativa que sentimos também é essa, é confortável ouvirmos, mas temos um presente muito negro e é neste problema [lay-off] que está para ser implementado, que necessitamos da intervenção das pessoas [deputados] que, sendo eleitas pelo distrito, têm responsabilidades acrescidas.
"O Governo devia olhar para a Citroën como uma situação extrema"
O Governo devia ser chamado a intervir?
Estamos a falar de uma situação social, de um problema muito grave que se pode estar a criar, daí não baixarmos os braços. Temos mantido relações com alguns presidentes de câmara. O senhor presidente da câmara de Mangualde e a senhor presidente da Câmara de Nelas têm mostrado uma grande preocupação, nas fazemos um apelo a outros autarcas e a pessoas que têm responsabilidade de intervenção, para ajudarem a encontrar uma forma de evitar situações muito graves.
Qual é a vossa proposta para a saída?
Entendemos que a haver alguma penalização terá que ser para quem infringiu e quem infringiu não foram os trabalhadores, foi esta e outras empresas que utilizam o lay-off depois de despedirem centenas de trabalhadores. A nossa insistência é para que haja abertura e adaptação da própria legislação no sentido de apoiar situações, de apoiar a garantia salarial e do apoio às famílias. Este conjunto de trabalhadores de Mangualde está abandonado por si só, pela empresa, pelo Estado, pelas entidades responsáveis no âmbito social e nós não vamos calar a nossa voz. Existe um clima social muito complicado e os trabalhadores estão fartos de pagar a factura e sinto que vai levar a que sejam tomadas algumas posições necessárias.
O vosso parecer não é vinculativo e o lay-off tudo indica que vai ser implementado. O que se segue?
Consideramos que é uma afronta ao conjunto de trabalhadores. Existe um parecer que deve ser respeitado e devem ser encontradas formas de contornar o problema. Todas as formas de luta estão em cima da mesa, poderemos ter um 1º de Maio muito diferente em Mangualde, mas os trabalhadores estão fartos de levar porrada e não podemos permitir que se continue a assistir a estas injustiças. Os trabalhadores sentem-se quase reféns deste baixo salário oferecido nesta empresa.
Acredita numa medida de excepção?
Entendemos que o Governo devia olhar para esta empresa como uma situação extrema. Deveria ser ajustada esta ou aquela medida às necessidades desta ou adquela empresa. As questões generalistas vão sempre beneficiar alguns e prejudicar outras, se calhar, com mais necessidades. A empresa necessita de outro meio de apoio. O Governo deve olhar para esta situação em conjunto com a administração da empresa. A nós, cumpre-nos alertar para quem tem responsabilidades, daí o nosso apelo para que seja encontrada uma forma de colocar estes trabalhadores, por exemplo, numa situação de formação que seria positivo para todas as partes.
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Bispo de Viseu aceita casamento dos padres

Dom Ilídio Leandro não se opõe ao casamento dos padres e reitera aceitação ao uso do preservativo.

O Bispo de Viseu, Ilídio Leandro, voltou a a agitar a Igreja católica. Em menos de um mês, mostrou aceitação ao divórcio, ao uso do preservativo e, agora, ao casamento dos padres. “Era capaz de aceitar” o sacerdócio dos sacerdotes, admitiu.

“Neste momento, a Igreja Católica Apostólica Romana diz que o sacerdotes não casam. É uma lei da Igreja, temporal, pode alterar-se. Quando a Igreja, de uma forma madura, achar que é altura de alterar, concordo plenamente”, disse Dom Ilídio Leandro, em entrevista ao “24 Horas”.

O Bispo de Viseu foi mais evasivo quanto às uniões de facto, mas admitiu que tem “de respeitar as pessoas que têm do casamento uma ideia negativa” ao fazer o “mea-culpa” da Igreja. “Respeito os que, se calhar por a Igreja não cuidar tanto do casamento, optem por uma união de facto”, disse Dom Ilídio Leandro.

Confrontado, uma vez mais, com a opção do preservativo para evitar doença sexualmente transmissíveis, como a SIDA, o Bispo de Coimbra considera que “não é uma opção por um mal menor, mas sim por um valor maior” o uso de protecção no acto sexual. “Se é para se defender o valor da vida, quando do outro lado está a morte, eu privilegio o preservativo”, disse Dom Ilídio Leandro.

Na entrevista, o Bispo, de 58 anos, mostrou-se, ainda, favorável ao uso de contraceptivos. “A Igreja defende a paternidade responsável e para isso o casal deve sentir quando é que deve procriar”, disse Dom Ilídio Leandro. “Os casais que reconhecem que, para a vivência do seu amor, os métodos naturais não são suficientes, devem utilizar os anticonceptivos artificiais que não sejam contra a vida nem contra a saúde”, acrescentou.


In "Jornal de Noticias, 30-04-2009"

Mulher de 80 anos atirou-se para baixo do Sud-Express

Uma mulher com cerca de 80 anos, suicidou-se hoje pelas 8:00 atirando-se para baixo de um comboio (sud-expresso) direcçao Mangualde-Nelas, em Água-Levada - Mangualde.A circulaçao dos comboios esteve parada cerca de duas horas e meia.O povo mostrava-se em choque e abalado com o sucedido.
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